Vídeo levanta suspeitas de 'caixa dois' de Beto Richa
Gazeta do Povo/Reprodução
Prefeito de Curitiba e candidato do PSDB ao governo do Paraná, Beto Richa está às voltas com uma denúncia de caixa dois.
O malfeito foi registrado em vídeo. Registra a distribuição de dinheiro a 23 pessoas num comitê que participou da campanha de Richa no ano passado.
A verba não consta da prestação de contas que a tesouraria do PSDB levou à Justiça Eleitoral. Daí a suspeita de caixa dois.
O conteúdo do vídeo foi às páginas do "Diário do Povo", um dos principais jornais do Paraná. A divulgação das imagens forçou o prefeito tucano a demitir três pessoas.
São elas: Manassés Oliveira, secretário de Assuntos Metropolitanos; Raul D’Araújo Santos, superintendente da mesma secretaria; e Alexandre Gardolinski, assessor da secretaria de Emprego e Trabalho.
Vai abaixo um relato do episódio que eletrifica o cenário político paranaense:
1. No centro da encrenta está um pequeno partido, o PRTB. No Paraná, a legenda sempre foi afinada com Beto Richa;
2. Na eleição municipal do ano passado, a direção nacional do PRTB decidiu se coligar, em Curitiba, com outro candidato: Fábio Camargo, do PTB;
3. Acertado com o tucano Beto Richa, um pedaço do PRTB de Curitiba divergiu do apoio formal dado ao petebista Fábio Camargo;
4. Richa era prefeito. Disputava a reeleição. O PRTB local já participava de sua gestão. Controlava, por exemplo, a secretaria de Trabalho e Emprego;
5. Manassés Oliveira, o filiado do PRTB que Richa nomeara para o comando da secretaria de Trabalho, licenciara-se do cargo para candidatar-se a vereador;
6. Para surpresa generalizada, Manassés e outros 27 candidatos a vereador dexidiram desistir de suas candidaturas;
7. Rejeitaram a coligação com o PTB de Fábio Camargo, desfiliaram-se do PRTB e mantiveram o apoio a Beto Richa;
8. Os dissidentes do PRTB inauguraram em Curitiba um núcleo da campanha tucana de Richa. Chamava-se “Comitê Lealdade”;
9. Funcionava numa casa do bairro curitibano do Ahú. O próprio Beto Richa participou da inauguração;
10 Richa confiou a coordenação do comitê a Alexandre Gardolinski, um dos dissidentes do PRTB;
11. Descobre-se agora, nove meses depois da reeleição de Richa, que a “lealdade” dos dissidentes pode não ter sido motivada apenas por afinidade política;
12. Veio à tona um vídeo de conteúdo devastador. Exibe a distribuição de dinheiro vivo aos dissidentes;
13. Deu-se no interior do “Comitê Lealdade”, no final de semana que antecedeu a eleição. A gravação foi feita pelo “coordenador” Alexandre Gardolinski;
14. Nas imagens, 23 ex-candidatos a vereador, aqueles que se desligaram do PRTB para apoiar Richa, aparecem recebendo dinheiro;
15. Foram pelo menos duas parcelas de R$ 800,00 para cada um. No vídeo, os beneficiários recebem a segunda parcela da grana. Assinam recibos;
16. Entre os personagens pilhados estavam o pagador Gardolinski, o secretário Manassés Oliveira e o superintendente Raul D’Araújo Santos;
17. Na última quinta (18), quando soube que o vídeo chegara às mãos de jornalistas, Beto Richa demitiu os três da prefeitura;
18. No total, nove dos dissidentes do PRTB ganharam cargos na prefeitura de Richa em janeiro de 2009. Entre eles Gardolinski, Manassés e D’Araújo Santos;
19. Ouvido, Alexandre Gardolinski, o coordenador que distribuiu o dinheiro e fez a filmagem, disse que o dinheiro serviu para custear “eventos” de campanha.
20. Eventos de quem? Segundo Gardolinski, eventos de “todos os partidos que tinham afinidade com o prefeito” Richa. Citou PSDB, PDT, DEM e PR;
21. Gardolinski reconhece que as verbas não foram declaradas à Justiça Eleitoral. De onde veio a grana? Diz que foi doado por “amigos”;
22. Pode citar os nomes dos “amigos”? E Gardolinski: “Não, não posso. Seria indelicado com eles. Não seria elegante da minha parte”;
23. Manassés Oliveira, o secretário de Trabalho demitido por Beto Richa disse: “Esse dinheiro, o Alexandre Gardolinski passou para nós...”
“...E tinha autorização para cada ex-candidato gastar até R$ 800. Não sei quem autorizou. Não sei de onde vinha o dinheiro nem se foi declarado...”
“...O Gardolinski é que vai ter que explicar a origem do dinheiro”.
24. Em nota, Beto Richa manifestou-se assim: “Ao tomar conhecimento das imagens, determinei imediatamente o afastamento dos envolvidos...”
“...Esse tipo de atitude não tem nada a ver com o nosso jeito democrático e transparente de fazer política...”
“...Não vamos permitir que esse fato, que aconteceu num comitê independente que apoiava nossa candidatura à reeleição, seja explorado contra nossa administração, aprovada pela grande maioria dos cidadãos curitibanos”.
O tucano Beto Richa é visto como candidato favorito ao governo do Paraná, em 2010. A campanha nem começou e já tem um contencioso a elucidar.
Fonte: Blog do Josias
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